sábado, 18 de agosto de 2012

Tenho grande dificuldade de assumir meus sentimentos. Nesse caso, os de tristeza. Camuflo minha tristeza com um imenso e ácido bom humor. E isso as vezes não me parece bom. Eu sofro não sofrendo, sofro não demonstrando, escondendo. Percebi que nem escrever como eu me sinto profundamente triste eu consigo. Todos os textos que inicio, terminam com um quê de sarcasmo/ironia. Não que eu ache de todo ruim. Não que eu preferisse simplesmente ser uma deprimida passiva. Mas essa postura alegre, dificulta até pra chorar. Choro me contendo. Choro me recriminando. Choro me culpando, só e somente eu sou responsável por qualquer coisa de bom ou de ruim que aconteça na minha vida, não tenho tempo pra chorar. Apesar de estar ficando cada vez mais difícil conter esse turbilhão. Lágrimas me veem aos olhos pelas coisas mais bobas imagináveis. Tô com medo de quando chorar, secar. E um pouco de medo de não conseguir essa abundância de lágrimas que suponho.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

 Saudade
Saudade de tudo!...
Saudade, essencial e orgânica,
de horas passadas,
que eu podia viver e não vivi!...
Saudade de gente que não conheço,
de amigos nascidos noutras terras,
de almas órfãs e irmãs,
de minha gente dispersa,
que talvez até hoje ainda espere por mim...

Saudade triste do passado,
saudade gloriosa do futuro,
saudade de todos os presentes
vividos fora de mim!...

Pressa!...
Ânsia voraz de me fazer em muitos,
fome angustiosa da fusão de tudo
sede da volta final
da grande experiência:
uma só alma em um só corpo,
uma só alma-corpo,
um só,
um!...
Como quem fecha numa gota
o Oceano
afogado no fundo de si mesmo...

- João Guimarães Rosa, em Magma.

Um tempo já que eu não escrevia. Hoje, ao ler essa citação de J.G.R, senti que ele conseguia falar de mim, explicitar exatamente como me sinto a maior parte do tempo. 
Essa quantidade de sentimento me desequilibra. Não ato nem desato. Continuo me sentindo à deriva, mesmo não devendo estar. 
A vida está relativamente boa. Não tenho grandes problemas externos pra lidar - exceto a convivência com as pessoas. Tenho uma quantidade considerável de amor oferecida à mim, amigos com os quais eu poderia sair e me divertir, uma boa mãe que mesmo com as diferenças, acaba me apoiando sempre. São coisas que deveriam ser suficientes, pelo menos pra tornar a vida tranquila, minimamente equilibrada. Eu reconheço esses fatores. Sei que seriam boas razões pra cessar meu mimimi recorrente. 
Infelizmente não me são suficientes.  
Sinto uma eterna falta, saudade, ausência, dos outros, de mim, do mundo, do desconhecido.