terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Constantemente...

PIRAR É ARDER
Armando Freitas Filho

Pirar é arder
a mil
fora da pista
com o narciso em chamas.
É cair em si sem sentir
nenhum sentido, e seguir
segundo por segundo
a cem por hora
a céu aberto
verão adentro
sem pouso ou pique
sequer
para um gole de sombra
refresco, abraço ou guarida.
É correr na contramão
por bares, praias, casas
pegando fogo
e chegar - ventando -
na hora H
de todos os incêndios
sem água ou nada
que apague as labaredas
carregando apenas
mochilas cheias de mormaço.
Pirar é arder
a mil
milímetro por milímetro
e queimar
velocilento
como uma brasa
se consome
até na fogueira do próprio sono
e, de repente, some.
É estar nu e só
no centro ou no lugar
onde somente o sol
sabe
e assassina.

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